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Entrevista com um profissional de COMEX

Entrevista Grupo 3

Componentes do grupo:  Alex Rocha , Gabriela Bauer, Hanna Hass, João Vitor, Chiara Bolzon

 Nome do entrevistada : Chiara Pasqualini

Empresa em que trabalha: trabalha em uma indústria de fundição e usinagem em Blumenau    ( O nome não pode ser revelado, por conta de não possuímos uma autorização por parte da empresa).

Tempo de serviço : 3 anos e meio.

 

Questões:

 

1) Em que área você atua?

Atuo com exportação, no setor de logística. Minhas atividades são: emissão de documentos para o cliente (invoice, packing list, CO se necessário entre outros), contratação de frete internacional, seguro internacional e demais operações logísticas se necessário, fechamento de comissão de agente (representante), fechamento de câmbio etc.

 

 

2) O que fez você escolher comércio exterior?

Aos 16 anos decidi investir em um curso técnico. Confesso que não tinha muito conhecimento do que realmente tratava comércio exterior. Para mim na época, se limitava entre negociações (compra e venda) internacionais.Com o tempo vi que é muito além disso.Escolhi comércio exterior pois é um curso que abrange várias áreas. É como um leque de oportunidades.Você pode ter conhecimentos em logística internacional, exportação / importação, câmbio também nas áreas de direito (exemplo aduaneiro) entre outros.É difícil ter monotonia nessa área. No meu trabalho, cada embarque é um embarque com particularidades. Sempre temos desafios diferentes.

 

 

3) No dia-a-dia de seu trabalho, quais as maiores dificuldades enfrentadas?

Atualmente e devido a crise, a questão dos custos logísticos são a maior dificuldade no momento.Os fretes rodoviários nacionais e também internacionais para exportação estão mais caros além do encarecimento de outras empresas de logística como serviços de terminais e etc. Isso impacta no valor das operações. Hoje com a crise, temos que reduzir ao máximo nossos custos , é uma meta para as empresas, reduzir nas compras de matérias primas, serviços de terceirizados, fornecedores e etc.

 

 

4) A alta disparada do dólar influenciou e prejudicou muito o seu trabalho?

Para exportação, a alta do dólar de forma geral é ótimo, pois influencia diretamente no faturamento da empresa.Por exemplo, uma peça de US$ 1,000.00 que em janeiro desse estávamos faturando com o dólar comercial a 2,6923 . Se pegarmos um exemplo de uma mercadoria de US$ 1,000.00 em janeiro ( em média) ela estava valendo R$2.692,30. Hoje essa mesma mercadoria está valendo R$ 4.000,00 (taxa de cambio R$ 4,00 28/09/15).
Porém em outro lado o mercado não está aquecido. Com a crise econômica e também os problemas com a imagem do Brasil do ano passado para hoje , as empresas que atuam no mercado internacional deixam de comprar do mercado brasileiro e investem em outros concorrentes (países). Também tem a questão da competitividade do Brasil com relação aos demais países. Todos os aumentos que tivemos nos últimos meses (como o de energia, combustível, custos logísticos etc) se agregados ao nosso produto final e ofertado ao cliente muitas vezes pode não ser competitivo comparado a um concorrente asiático por exemplo.

 

 

5) No seu ponto de vista, e referente a sua área de atuação, diga um aspecto na qual o Brasil poderia melhorar e como poderia fazer isso?

Sem dúvida alguma a logística de forma geral. Nosso país peca e muito nesse setor. Não temos rodovias de qualidade , as estradas são cheias de buracos, não duplicadas, inseguras (motorista sempre a perigo de assaltos).Não temos investimentos em ferrovias que tiraria o gargalo nas estradas e seria um meio de transporte eficiente para o nosso país. Rodovias que ligam aos grandes portos como Santos por exemplo, sempre estão comprometidas com filas quilométricas e congestionamentos. Nossos portos públicos pecam em infraestrutura.Também temos poucos aeroportos e falta estrutura que acompanhe o crescimento do mercado internacional brasileiro. Temos hoje o que chamamos de “Custo Brasil” conjunto de problemas estruturais da economia e burocracia do País, que torna nossos produtos e serviços mais caros e menos eficientes, dificultando investimentos e o crescimento interno. Temos o caso da soja, que até repercutiu no Fantástico. O transporte rodoviário da soja cultivada no Mato Grosso até o porto de Santos, por exemplo, tem um custo três vezes maior que o frete cobrado para levar a commodity do Brasil à China. É mais barato mandar a soja pro outro lado do planeta que transportá-la aqui dentro do país.

 

 

6) Analisando o cenário econômico e político atual de nosso país, quais são suas perspectivas para o futuro em relação ao comércio?

Com a situação econômica complicada em que estamos vivenciando, acredito que em um futuro breve não teremos boas perspectivas.Com o corte nos orçamentos do governo para recuperar a economia obviamente não temos investimentos.É difícil acreditar em uma boa perspectiva para o país com os últimos acontecimentos relatados nos jornais nacionais e internacionais. O Brasil perdeu o “grau de investimento” (classificação de risco da S&P), temos o escândalo da Petrobrás, aumento e recriação de impostos e entre outros fatos que dia a dia estamos acompanhando. Acredito que a recuperação do Brasil será lenta e também precisa que o governo reaja e promova mudanças.

 

 

7)O quanto os gargalos logísticos de nosso país, afetam na hora de exportar nossos produtos?

Afetam totalmente as nossas exportações. Conforme expliquei na pergunta 5, o Brasil não possui infraestrutura logística que supra a demanda de operações (exportações e importações).

 

 

8)Você acredita que algum dia o MERCOSUL consiga se tornar uma união econômica e monetária?

Dificilmente. Acredito que o MERCOSUL não é flexível, os países que compõe o bloco não olham para os mesmos objetivos.Creio que para chegar ao nível da UE levará muitos anos e precisam adotar inúmeras mudanças no bloco, como por exemplo as reavaliar a lista restrições comerciais do bloco.

 

 

9) Na sua opinião, quais são os aspectos culturais que mais afetam na negociação com outros países?

Cada país tem sua cultura, suas particularidades. Sejam eles o clima, jeito de se vestir, comportamentos ( mais ou menos receptivos) entre outros fatores.Acredito que cada negociador deve obter estratégias para essas particularidades.

 

 

10) Como sua empresa está reagindo perante a crise que está ocorrendo em nosso país?

Várias empresas, montadoras em geral, estão trabalhando com redução de custos para enfrentar a crise.Na minha empresa por exemplo, houve redução de salários e jornada de trabalho, os funcionários não trabalham mais as 40 horas semanais, o que não impacta somente na folha de pagamento, mas também no consumo de energia, de água e maquinários. Outro método é que não estão dando reajustes para os fornecedores, e estão avaliando outras empresas que podem fornecer, caso aquele fornecedor queira um reajuste, ou seja, está havendo um ajuste nos orçamentos.

 

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